terça-feira, 12 de agosto de 2008

Um pequeno interregno...

Antes de continuar com mais fotografias e descrições fantasiosas das aventuras pelo Wild West, e de tudo o que é bom e maravilhoso ou estranho, deixem-me apenas falar um pouco sobre três colegas daqui do laboratório.

O meu colega do lado é Iraniano. Falou-me sobre o Irão e Teerão, sobre a revolução que depôs o Xá, amigo dos Americanos, falou-me sobre os nove anos de guerra com os invasores Iraquianos e os dois anos que passou na sua cave a ter aulas da primeira e segunda classe pela televisão estadual. Fala-me todos os dias em como o Irão se está a reconstruir a pouco e pouco e como o seu primeiro-ministro, Ahmadinejad, cuida dos pobres e irrita os ricos do seu país, ao mesmo tempo que se comporta como um perfeito palhaço nas políticas internacionais. Diz com orgulho que no seu país não se importa nada dos EUA, e não é preciso.

Um outro, já de mais idade e de outra posição, é Peruano. Falou-me hoje de como quando era criança todas as sextas-feiras, às sete da tarde, havia um carro que explodia em Lima. Era a forma que os rebeldes comunistas tinham de mostrar forças ao governo peruano. Descreveu-me precisamente um dia em que um deles explodiu mesmo ao pé dele e só se lembra de ver as pessoas a fugir rua fora, e ele sem perceber porque tantos carros atravessavam o sinal vermelho.

O outro é da Geórgia...
Quase não fala. Boceja de nervosismo. Passou o dia de hoje no computador, a ver as notícias, a falar com a família pela internet, sem poder fazer muito mais, sem conseguir trabalhar. Pensa em ir ao seu país, ter com o pai que vive no Norte, atravessar a fronteira de carro e ir ter com a família. Não sabe o que poderá acontecer. "Eles bombardearam a capital, queriam avançar contra a própria capital!". Lê blogs de russos e os jornais e não percebe porque é que os russos, os russos normais, afirmam a sua disposição em pegar em armas para irem lutar eles próprios. - " O que se passa?, é uma mentalidade de segunda guerra mundial! É assustador ser vizinho de um país assim, as pessoas lá estão todas assustadas!"

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Não podemos deixar de nos aperceber do quão pequeninos somos ao pé de tudo o que se passa. E de como, mesmo com todas as nossas pequenas coisas, a nossa vida é de certa forma risonha à beira mar plantados. Não?

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