terça-feira, 28 de outubro de 2008

Outros dias soalheiros

Já tive de calçar as botas para a chuva. Deixo-vos imagens de arquivo, tiradas em dias mais soalheiros, nos princípios de Outubro. Uma azáfama de casamento, um piquenique judaico-glutão e a pausa lânguida da autoridade.






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segunda-feira, 27 de outubro de 2008

2635- Saudades de Casa!



Para quem não consegue situar, o edíficio onde os marmanjos estão a tocar ( e as groupies aplaudem, uma delas minha tia) fica mesmo por cima do Polisuper, a dois passos da casa da minha avó, do Kioskizé e do barbeiro Piçarra. Mais para baixo fica a estação e o Arco-Íris onde se comem bons pregos, a escola primária nº 2, a praceta da pirâmide (onde mora a Joana), o Boca Doce e a comuna do João. Para cima, o CC Fitares, o campo da Seara e o place do Ulisses. E desenganem-se, que a Rinchoa tem mesmo um miradouro, ao cimo das escadaria grande. De lá pode-se ver a Serra e o seu palácio, o mar do Estoril mais ao longe e a bela da IC19 ali tão perto.

Como diz o ppl, "Rio de Mouro está em toda a parte!"

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Jornalistas no laboratório

Do outro lado, em Oeiras, é isto que se vai passando.
A SIC foi ao IGC, onde trabalho quando estou em Portugal, e filmou o pessoal da Champalimaud. O resultado é este.

Num topo do Mundo

Fiz 25 anos no dia 18.
É daquelas datas marcantes na vida de uma pessoa, pelo menos de uma pessoa que acredite na importância de efemérides. Cada um acredita na importância das coisas da forma que quiser. Eu tendo a tender para as efemérides como um ponto de chegada e também de partida. E para simbolizar essa coisa da chegada e da partida, nada tão bom como a figura de uma Mãe. Por razões óbvias.
Isto para dizer que recebi a visita da minha mãe em NY no fim de semana dos meus anos. As peripécias foram muitas, muita personagem vista, muita fotografia tirada, muita caminhada, muito lugar visitado, isto em apenas três dias. Escolhi partilhar convosco este lugar que vos mostro. Um dos topos do mundo. Aqui está uma boa forma de comemorar uma efeméride. Visitar um dos topos do mundo. Que mesmo sendo visitado por tantos outros, a forma como o vimos é nossa, guardamo-la como única e pessoal. Fica. No lusco-fusco vimos, eu e a minha mãe, a paisagem de cima do Empire State Building. Ainda não o tinha visitado porque achei que teria de o fazer de forma especial. E as voltas da vida sorriram-me. Fui lá acima numa altura especial, com alguém especial. Porque as efemérides importam. Ornamentar as coisas com o pózito mágico importa.

E para não nos esquecermos que estávamos em NY, as estrelas que se viam, ainda o sol mal se punha, não eram estrelas, eram aviões a aterrar.




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terça-feira, 21 de outubro de 2008

Quarta e Quinta na Cidade

Não é comum ir a NY a um dia de semana. Pois calhou que comprei dois bilhetes para dois espectáculos diferentes, em dois dias consecutivos, na mesma semana. Foi uma barrigada! Sair do trabalho a horas decentes, pôr-me o comboio, metro, Brooklyn num dia, Harlem no outro. Woyzeck num dia, Antony no outro. Duas criaturas estranhas em dois mundos estranhos.

A voz de Antony surpreende vinda de um homem tão mulher, num corpo tão desajeitado. Um choro melancólico, vestido de branco, acompanhado por uma orquestra no Apollo Theater. Os queixumes da sua voz lembraram-me de outros tempos em que a mesma voz nos comovia intensamente. Mesmo que agora o "nos" já não seja tão plural, fica sempre aquele carinho pelas vozes de tempos bons.

Woyzeck é um tipo mais normal. Também eu poderia ser Woyzeck.
A adaptação que o grupo Islandês apresentou na Brooklyn Academy of Music era feita de energia explosiva e candura poética, conceitos que os islandeses tão bem parecem saber unir. Uma incrível disponibilidade dos actores, às vezes lançados pelo ar como trambolhos, por vezes imersos em água num tanque/moldura, sempre intensamente na personagem. Um acepipe para deliciar um pouco mais, a música original foi criada de propósito por Nick Cave.

As viagens de volta de NY para CSHL, à noite, depois do trabalho, custam sempre um bocadinho. Mas assim se consegue encontrar mais do que uma única vida. De outra forma, só como os gatos, tendo mais do que uma vida, herdadas de nascença.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Lucky Weekend

No fim de semana que passou estive com duas amigas de Portugal, dos tempos do IGC, a Mariana e a Margarida. Elas agora trabalham por Boston e NY e encontrámo-nos para passear pela cidade. Acabou por se tornar um fim de semana com pequenos acontecimentos mirabolantes. Fomos a uma "vernissage" (inauguração em chiquelês) de uma exposição de escultura numa galeria em Chelsea, com cervejas à borla. Encontrámos um sofá do IKEA na rua, quase novito e bem jeitoso. Alombámos com ele Manhattan acima, 100 e tal ruas, de metro até à casa de uma das moças (foi o efeito da cerveja). Descemos até Chinatown para comer um asiático manhoso. Caminhámos para a Village para uns drinks. Encontrámos 400 dólares na rua e repartimos o dinheiro irmanamente. Gastámos algum dele em marguerittas e outras iguarias. Acabei a dormir no sofá alombado e no dia seguinte ainda deu para passear por umas feiras de Outubro com tempo de Verão. Um fim de semana bem sortudo, na companhia de novas amizades!

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segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A Oeste do Hudson

Tentando retomar a passada no caminho, encontrar o fio à meada e tal, tenho de voltar ao primeiro Domingo de Outubro e mostrar aqui o o lado Este de Manhattan, mais ou menos no centro da ilha. Daqui vê-se a ponte de Queensborough e o teleférico que o homem-aranha salva de cair ao rio Hudson. O teleférico, longe de perigos, leva quem quiser ir para os lados da Roosevelt Island, uma ilhota minorca que fica entremeias com Queens e Manhattan. Mas, atracção das atracções deste lado do Hudson é mesmo a sede das Nações Unidas. Um edifício mais pequeno do que grande parte dos outros mamarrachos, com um luzidio especial feito de cobre e verdete e segurança aprumada. Não vá a gentalha, sempre descontente com o rumo que o mundo leva, entrar por ali adentro e tentar apertar o gargalo a um par de líderes que por lá se pavoneiam de quando em vez. Uma semana antes a senhora Sarah Palin, toda lampeira, tinha ali apertado a mão ao senhor Musharraf e a uma cambada de árabes. Entretanto tantas coisas aconteceram! (isto lembra-me que me ando a descurar um pouco com as eleições e com o crash de wall street... um dia destes comento também essas novelas).





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segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Viva o Buda!



No sábado que passou visitei brevemente a zona asiática de Queens, Flushing, e tive um jantarzinho num restaurante asiático-kosher-vegetariano.

Que o restaurante seja asiático e vegetariano, não traz grande admiração. Que ele seja kosher e vegetariano, também não. Agora, a mistura destas três coisas é que traz água no bico. à primeira vista não se nota grande diferença entre o típico restaurante chinoca que se encontra em portugal e este lá para os lados de queens. As cadeiras a imitar pau de cerejeira, as mesas redondas com aquela coisa que roda ("lazy susan"), os empregados atarefados e o cheiro a chinês. Mas há um pequeno detalhe no menú. Tudo, mas mesmo tudo naquele restaurante é vegetariano. Até os pratos de galinha, peixe, camarões, porco, vaca, cabrito... Tudo vegetariano. De facto o que comi sabia a carne e a textura era relativamente parecida. Mas no final, não passava de um conjunto elaborado de artifícios de soja, tofus e todas as outras coisas que essa gente gosta de comer, preparados com mestria necessária de quem sabe enganar os sentidos.

Nunca me tinha sentido tão incrédulo num restaurante (e talvez desencorajado) a escolher o que comer. Nunca um menu me causou tanta confusão. Considero-me até corajoso nestas coisas, não me importava de experimentar partes de animais do arco da velha, crus ou cozidos, e outras coisas nojentas, se de facto forem boas... mas, comer uma coisa que não o é e assumidamente é especial por não ser aquilo que diz ser... causa certa confusão.

O facto é que a comida sabe bem, vá-se lá saber como é que eles arranjam aqueles sabores. E é divertido ver os vegetarianos puros e duros a lambuzarem-se, todos contentes por finalmente comerem coisas com algum sabor a comida que se preze, sem terem de retraír o carapuço de amigo dos animais. E tudo isto graças ao Buda e aos seus monges que incapazes de fazer mal a um bichinho que seja não deixaram de comer o seu cabritito, mesmo que feito de sementes de soja!

As coisas que se encontram nesta cidade!

domingo, 5 de outubro de 2008

Bucolias de príncipio de Outubro

Quando cheguei, dois meses e alguns dias atrás, todas as noites no caminho para casa tinha de passar por um coro inacreditável de bicheza a zurzir, um som como um motor a altos berros, algo que nunca tinha ouvido até então e que não se calava nem quando acordava na manhã seguinte. Ontem apercebi-me que as cigarras finalemente se calaram. E vejo agora que já se calaram há algum tempo. Deve ter sido quando alguém ligou o maldito aquecimento central.

As cigarras calaram-se, o tempo já não é húmido e quente, e a água da praia apetecível. Agora que Outubro chegou os dias ficaram meio frios, vêem-se cogumelos no meio da relva, a passarada emigra para outras bandas, e sente-se que a água se vai preparando muito lentamente para mais tarde congelar. É uma tensão esquisita que se sente vinda da baía. Só os esquilos parece que vivem na mesma estação. Irrequietos, numa compulsividade de mascar bolotas ou o que raio é aquilo, a subir e descer, subir e a descer das árvores encarequiçadas. Certamente daqui a uns tempos também eles hão-de estagnar.

O bom de viver no meio de nenhures é que reencontro coisas de que já me tinha esquecido. Como por exemplo, como às tantas da noite o caminho para casa se torna mais fácil de cada vez que a lua se põe cheia. Ou como o lume dos pirilampos se apaga com o frio.

Até é bom que o Verão não dure para sempre!