sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Reconciliação

Acabei de chegar do concerto de Sigur Ròs. Perdoem-me o jeito tolo em que vou escrever, mas depois de um concerto destes senhores é muito provável que nos dê para estas coisas. E desta vez não há fotos, não levei a máquina, saí à pressa do laboratório. Pode ser que encontre alguma coisa pela net entretanto.

A primeira vez que vi Sigur Ròs ao vivo foi em Lisboa há alguns anos atrás, talvez cinco. Tinha como companhia um amor gentil mas impossível. Num dos camarotes do Coliseu dançava o meu amor que o seria durante alguns anos, mas que na altura ainda não sabia que viria a ser. Foi uma experiência enebriante, ainda pueril, um entusiasmo que não se verá mais. Um momento especial.

A segunda vez que vi Sigur Ròs, passados talvez dois anos, foi em Tilburg, na Bélgica. A primeira vez que me vi fora do país por largo tempo, um ano significante. Desta vez o concerto foi verdadeiramente impessoal, tristemente banal. Estava com dois amigos, um deles viria a tornar-se um dos meus melhores amigos. No fim do concerto encontrei a banda num dos bares da vila, bebi umas cervejas, falei com eles, talvez meia hora, conversa da treta, perdi todo o encanto. Vi-os humanos. Tinha sentido a música de outra forma, numa outra altura. A desilusão instalou-se. Nunca quis ouvir muito mais de aí adiante.

Desta vez, a terceira, eles vieram tocar no United Palace Theater. É já um sítio mágico para mim, já lá tinha visto Eddie Vedder, e agora pensei que seria um bom lugar para rever Sigur Ròs. Não me enganei. Como igreja que é, o Palace é um bom sítio para a reconciliação. O espectáculo em si foi excelente, o público estava impressionado e portou-se bem (ainda que com a terrível mania que os americanos têem de se estarem sempre a levantar das cadeiras para ir buscar qualquer coisa para comer ou beber, bem no meio das músicas, xiça!!). E porque passei muito tempo do concerto a relembrar coisas boas e a ouvir canções que não ouvia há tanto tempo, os Sigur Ròs voltaram a ser para mim um bocadinho iguais ao que foram outrora. Especiais.

Vou continuar a não tocar nas músicas deles muitas vezes. Sendo especiais, não são para gastar. Mas ao menos agora, não vou ter receio de as ouvir quando precisar. Assim vale a pena ir a um concerto. Para uma reconciliação com coisas passadas, nem que estupidamente simples. Não vale a pena guardar coisas encravadas, quaisquer que elas sejam. Mesmo que demorem algum tempo a desencravar.

4 comentários:

Pukanina disse...

Todas as manhãs a vida recomeça;inicia o movimento continuo de nascer, crescer, transformar-se,multiplicar-se;a cada manhã,a vida floresce, reproduz-se,expressa-se, encontra-se,entrega-se e reinventa-se.
So... never say never.
Bj.
Carmo

Gil disse...

:)

Ritili disse...

Gil,

Aconteceu-me exactamente o mesmo.

Também tinha um amor... Que acabou, e durante anos não toquei nas músicas deles, não sei se por falta de coragem ou por uma imaginada banalização.

Reconciliei-me (e foi essa mesmo a palavra que usei na altura) com eles há cerca de duas semanas, numa tarde de estudo passada a ver videos deles (lindos).

O encanto voltou :)

*beijinhos*

Rita

PS: Já estou no IGC! :P

Gil disse...

Já és a segunda pessoa que me diz o mesmo. A passo e passo cá nos vamos todos reconciliando :)